Relatos de um Ginete

Domingo, noite fria de maio na Capital Farroupilha

Ao calor do fogo penso em um gratificante trabalho que tenho pela frente, transformar pedras brutas em jóias raras. Tenho a grata satisfação, dada pela família Goulart, de domar, treinar e exibir produtos de um sonho, um sonho ao qual tenho o prazer de me juntar.
Daqui para frente relatarei sobre estes cavalos e sonhos.

Ø Comandante do Veio D’Água ( Faisão em égua Atropelo da Tradição)

Um lindo cavalo colorado com ótima aptidão vaqueira e uma mansidão que é comum à transmissão de seu pai. Como é meta da cabanha provar seus cavalos na reprodução, este garanhão foi primeiramente domado para então passar um ano na reprodução. Após, volta à cabanha para iniciar seus treinamentos. Diante disso me mostra um cavalo dócil que encanta montá-lo. Trago grandes expectativas para este colorado pata branca que está em treinamento progressivo e pronto para a próxima temporada.

Embora a noite fria, e eu aquecido no fogo da lareira ainda teria muito para contar dos cavalos do Veio d`Água, mas aos poucos irei relatando os prazeres e as dificuldades que iremos enfrentar.

Um forte abraço
Ariosto Camboim

Versos para o Veio D´Água

Um poema de verdade não é somente métrica, rima e tema. Surge, brota, nasce como algo que teria que acontecer. É algo que ocorre por uma inspiração, esta , por sua vez, provacada por uma imagem, por um gesto, por amor, por paixão, por tristeza, por ausência, por certeza, por saudade, por presença...
Não faz poema quem quer fazê-lo, o recebe quem deve recebê-lo e quem é escolhido para isso se chama poeta. Muitos desses privilegiados se eternizam nos cantares que invadem bailes, casas e almas.
Um desses, chamado Gujo Teixeira escreveu :

Nos campos do Veio D´Água

Nos campos do Veio D´Água
na Capital Farroupilha
um sangue nobre crioulo
corre as veias da tropilha.

Descendência de chilenos
numa função comprovada
e um sangue São Bibiano
pra o ventre dessa manada

Quem tem cavalo me entende
sabe bem como é ...
Quem já montou o Fortacho
nunca mais andou de a pé...

E o Faisão de São Bibiano
que é pingo pra toda vida
" de chegá" atirando freio
voltando " as casa" da lida.

São pingos de procedência
de rédea, freio e coragem
selo de raça e função
de confirmada linhagem.

Cavalos de estirpe guapa
das recorridas de peão
ou pra se cruzar na praça
nos setembros com o patrão.

Pra paletear um boi ligeiro
na saída da mangueira
pra se mostra pras guria
num giro de volta inteira.

Tem que ser cavalo bueno
tem que ter forquilha em cima
tem que ser do Veio D´Água
pra ficar boa essa rima.

Muita gente tem cavalo
que é bem mais que um amigo
eu tenho um pingo crioulo
que entende as coisas que eu digo.

Por isso que hoje eu canto
E garanto aquilo que falo:
a vida é um campo aberto
pra quem tá bem de cavalo!

Porque em todo o Veio D´Água
o que sai tem que ser bueno...
mesclou-se o sangue da terra
com sangue nobre chileno.

E se a raça tem querência
fez morada por aqui
na Cabanha Veio D´Água
no chão de Piratini.